Perímetros irrigados do Ceará estão passando por dificuldades com a escassez dos recursos hídricos. Projetos sem produção ou com volume comprometido e em racionamento fazem parte da realidade estadual.
Com a situação de escassez dos reservatórios de água no Ceará, pelo menos sete perímetros irrigados já cessaram suas produções ou entraram em planos de racionamento. A orientação para todos os 14 projetos é de não expandir as áreas de produção e renunciar às culturas temporárias, informou o coordenador estadual do Departamento Nacional de Obras contras as Secas (Dnocs), Ney Barros.
Perímetros como Araras Norte, Ayres de Souza, Baixo Acaraú e Tabuleiro de Russas já vivem racionamento de água como forma de evitar prejuízos do que já foi plantado. No Ceará, a produção da maioria dos perímetros é de frutas. Sem chuvas para os próximos meses - e previsões nada otimistas para a próxima quadra chuvosa - órgãos indicam perfuração de poços, construção de barragens, otimização e modernização do uso dos recursos, redirecionamento da água e economia para que os perímetros não entrem em colapso.
Para muitos produtores, no entanto, plantar já não é opção para este ano. Para outros, que ainda têm água - mesmo que em menor volume –, o planejamento inclui racionar água para que ela dure mais. Com menos oferta, os produtores que ainda dispõem de recursos tentam produzir mais para atender a demanda. Por isso, o Dnocs ainda não aponta uma redução drástica da produção geral dos perímetros. Apesar disso, muitos perímetros, como Araras Norte, Baixo Acaraú, Curu-Paraipaba, Ayres de Souza e Morada Nova já apontam produções inferiores aos dos anos anteriores.
Segundo Ney Barros, os perímetros são de grande importância econômica para a produção do Ceará, com vertentes de exportação para outros estados e até outros países. Em Araras Norte, houve uma tentativa de adaptação à situação de escassez desde o começo do ano, aponta José Odilon Brum, gerente do perímetro. No entanto, com a evolução do cenário, o racionamento se tornou necessário. A princípio, o tempo de liberação da água foi reduzido em duas horas todos os dias. “Temos que racionar a água e esperar as próximas chuvas. Tentar esticar o período de sobrevivência. O temor maior é o ano que vem”. Segundo ele, houve uma queda da produção, pois a ligação com a oferta de irrigação é direta.
Equilibrar a balança
Entre culturas temporárias e permanentes nos perímetros irrigados cearenses, concessões são feitas para evitar maiores prejuízos. Em Morada Nova, por exemplo, alguns produtores renunciaram à irrigação e, consequentemente, a plantação neste segundo semestre. Dessa forma, a água que seria destinada às culturas temporárias será usada nas produções permanentes de Tabuleiro de Russas, conforme indicou o Dnocs. Os produtores receberão compensações financeiras.
Além dos perímetros gerenciados pelo órgão federal, existem os projetos do Governo do Estado que, atualmente, reúnem 363 produtores em 13 perímetros irrigados e 12 agrovilas. Entretanto, com a escassez de água, muitos ainda não estão produzindo como poderiam.
Segundo Itamar Lemos, coordenador de Agricultura Familiar da Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA), os perímetros e agrovilas foram recuperados – muitos estavam abandonados – e têm foco na agricultura familiar. Com a atual situação, é necessário aguardar por reabastecimento para a irrigação.
Gerentes de vários perímetros do Estado indicam que, além da escassez de água nos reservatórios que permitem a irrigação dos perímetros, questões como o desvio da água atrapalham a eficiência dos sistemas. Nas áreas, são encontrados diversos pontos de captação irregulares, bombas clandestinas e barramentos.
Fonte: O Povo
Nenhum comentário:
Postar um comentário