Sucesso internacional das frutas produzidas na região de Petrolina é resultado de investimentos em pesquisa e da união dos produtores locais.
O que trouxe a Expedição VEJA a Petrolina (PE) foi a situação peculiar da cidade pernambucana: um dos maiores polos produtores de frutas do Brasil está aqui, em pleno sertão nordestino. A região não se destaca apenas pelo grande volume cultivado no solo desfavorável da caatinga. As frutas têm qualidade suficiente para serem vendidas aos exigentes mercados da América do Norte e a Europa. Em 2013, foram 150.000 toneladas enviadas para o exterior.
Os melhoramentos obtidos por meio do cruzamentos de espécies são essenciais para assegurar as vendas para países estrangeiros. Nesse mercado, é preciso concorrer com potências como Estados Unidos e Itália.
Os produtores do Vale do rio São Francisco percorreram um caminho tortuoso até o sucesso internacional. A primeira agrovila surgiu no final da década de 1960, por iniciativa do regime militar. As primeiras culturas implementadas foram as de tomate, cebola, goiaba e coco. Por razões diversas, nenhuma delas se consolidou. A produção de uva e manga se apresentou como a alternativa mais rentável.
Nos anos 1970 e 1980, o cultivo de novas variedades de frutas e o avanço das técnicas de irrigação permitiram um gradual aumento nos ganhos dos produtores. Mas faltava ganhar o mercado externo, o que não era a tarefa mais fácil do mundo para os pequenos e médios proprietários de terras da região.
Em 1988, veio a guinada mais importante: produtores locais se reuniram para Valexport, uma associação dedicada a abrir o comércio para as frutas do Vale do São Francisco fora do Brasil. Deu certo. Hoje, a economia de Petrolina e das cidades vizinhas é tão ligada às exportações que, aqui, os efeitos da crise internacional de 2009 foram mais fortes do que no resto do país.
Para não perder mercado, os experimentos de novas variedades de frutas não podem parar: nos campos de testes da região de Petrolina, é possível encontrar manga com consistência de mamão e uva sabor abacaxi (a variedade com gosto de algodão doce, aliás, já está no mercado. E é saborosa).
O ciclo virtuoso trazido pela fruticultura de alta tecnologia catalisou o crescimento de Petrolina. A cidade dobrou de tamanho desde 1991. A prefeitura estima que 75% dos moradores daqui tenham vindo de fora do município. Municípios vizinhos, como Lagoa Grande (PE) e Juazeiro (BA) cresceram junto.
Hoje, a produção de uvas sustenta até mesmo o setor turístico da economia local. A organização de passeios pelas vinícolas da região virou um negócio lucrativo.
O crescimento acelerado costuma gerar problemas de urbanização e, por vezes, impede o controle sobre a violência. Mas os moradores de Petrolina ouvidos pela equipe da Expedição VEJA não se queixam nem de uma coisa, nem de outra.
Logística – Petrolina também tem vocação para a logística. O rio São Francisco é navegável daqui até a Pirapora (MG). O aeroporto da cidade tem uma pista duas vezes mais longa do que o de Congonhas (SP), o que permite o pouso de cargueiros (um deles, aliás, embarca semanalmente para Luxemburgo levando frutas da região). A ferrovia Transnordestina, quando estiver pronta, também deve facilitar o trabalho de escoamento do que é produzido aqui. E, como o São Francisco é uma barreira natural, grande parte dos veículos de carga converge para a ponte Presidente Dutra, que liga Petrolina a Juazeiro (BA). A população de Petrolina, que já cresce duas vezes mais rápido o que a média nacional, não deve parar de se multiplicar.
Fonte: Veja
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