Duas famílias implantaram há um ano, um projeto de cultivo orgânico de várias hortaliças.
Um exemplo de que a produção de hortaliças gera renda para a agricultura familiar vem da localidade de Barreiras dos Pinheiros, na zona rural deste município, localizado na região Centro-Sul do Ceará.
Duas famílias implantaram há um ano, no sítio Duas Irmãs, um projeto de cultivo orgânico de alface, tomate, repolho, berinjela, pimentão, coentro, feijão, macaxeira, abóbora, mamão, melão e melancia.
A safra ainda é reduzida e sequer atende a demanda do mercado local. "O que a gente produz o mercado local compra", disse o produtor rural, José Carlos Alves. Em uma área de quatro hectares, a produção mais intensa é de alface.
Os canteiros no local sempre são renovados. De início, o plantio seria apenas para o consumo das famílias, mas por causa da qualidade das folhas e a aceitação dos amigos, houve a decisão de expandir o cultivo em escala comercial.
Depois de morar 25 anos em São Paulo, trabalhando como mestre de obras, José Carlos Alves, resolveu abandonar a cidade grande e o estresse do trabalho e do trânsito. Decidiu vender imóveis e retornar para o Nordeste com a mulher, Joana Darc Alves, três filhos e uma neta. "Apostamos nesse projeto, que está dando certo", avalia.
No município de Iguatu, a família contou com o apoio do técnico agrícola, Ednaldo Barros Soares, que é casado com a irmã de Joana Darc, Damiana Rita Alves, mais conhecida por Nilma. As duas famílias decidiram, então, investir recursos na compra do terreno agrícola e equipamentos de irrigação.
A experiência de Soares como técnico agrícola por vários anos em projeto de cultivo de frutas e verduras no Vale do Rio São Francisco em Petrolina, Pernambuco, foi fundamental para a viabilidade do projeto local de produção orgânica.
Nascido em Serra Telhada, no sertão do Estado de Pernambuco, José Carlos queria retornar para o Nordeste, mas para uma região que tivesse terra fértil e favorecida por água.
"Pesquisei e vi que aqui era bom", disse. Para tanto, foram escavados dois poços rasos com apenas três metros de profundidade e obtida uma vazão de 80 mil litros por hora.
De acordo com os agricultores familiares, o trabalho das duas famílias começa cedo, às 5 horas da manhã e se estende até as 18 horas. O imóvel rural é estreito, apenas 40 metros de largura, mas são 1.700 metros de extensão.
Plantação
Boa parte da área já está ocupada com cultivo de hortaliças e fruteiras. "O nosso sonho é ampliar a produção porque a demanda é favorável. O que agente produz, o mercado absorve", revela. A safra inicial é vendida para três supermercados locais.
Esposas e filhos dos produtores rurais estão no dia a dia no trabalho na roça. A atividade, embora inicial, já começa a dar renda aos que dela vivem.
A área produtiva da família que é verde, irrigada, contrasta com a maioria dos terrenos agrícolas em seu entorno, que permanecem com a terra nua, sem produção alguma.
"Poucos querem produzir e trabalhar", observa José Carlos Alves. Favorecido pelo Rio Trussu, perenizado por açude de mesmo nome, a região poderia ser um centro de produção de hortaliças e fruteiras.
As irmãs, Joana Darc e Nilma dividem o tempo entre os afazeres de casa e o trabalho na horta. Os filhos ajudam já que a produção agrícola é familiar. Todos trabalham de forma unida e com o mesmo objetivo, obter renda no campo. Parte da produção é consumida pelas duas famílias.
Procedimento
A produção orgânica ainda é restrita na região Centro-Sul. A fabricação do composto orgânico é feita de forma simples. É produzido com sobras de alimentos, casca de frutas e esterco de gado. O processo de decomposição demora 60 dias. O adubo natural é aplicado diretamente nas hortaliças por meio de sistema de microaspersão e no solo para o preparo das áreas de cultivo.
A não utilização de veneno nas hortaliças e as práticas adequadas de manejo garantem a alta produtividade e a qualidade dos produtos. "Estamos trabalhando com produto limpo, sadio", frisou Edvaldo Barros.
A produção diária de alface é de 200 pés, mas logo os produtores querem ampliar para 400 pés. Novos canteiros já começaram a ser implantados.
No fim deste ano, as duas famílias querem produzir mais e diversificar as culturas. "Saímos de São Paulo em busca de felicidade, novo estilo de vida e encontramos", comemora José Carlos. "Trabalhando no campo, perdi peso e a minha saúde melhorou", finaliza.
Fonte: Diário do Nordeste (http://twixar.me/LC)
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