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Colheita de arroz e cana no Perímetro Irrigado do Boacica movimenta quase R$ 13 milhões no Baixo São Francisco alagoano

A colheita das safras 2012/2013 de arroz e de cana-de-açúcar no Perímetro Irrigado do Boacica, mantido pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) no município de Igreja Nova (AL), movimenta em torno de R$ 12,7 milhões no Baixo São Francisco alagoano.

Com a assistência técnica e extensão rural (Ater) implantada pela Codevasf em 2012, a projeção é que sejam colhidos 14 mil toneladas de arroz e 76 mil toneladas de cana-de-açúcar, superando a produção da safra 2011/2012. Além de gerar renda para 619 famílias de agricultores familiares, a safra agrícola também está promovendo a solidariedade entre agricultores do Baixo São Francisco e de outras regiões como o agreste alagoano, que têm recebido doação de palhas de arroz para alimentação do gado durante o período de estiagem prolongada.

Amadeu Manuel dos Santos, 64 anos, é agricultor do povoado Ponta da Serra, no município de Olho D'Água Grande, agreste alagoano, onde cria gado com a família. Ele é um dos beneficiados pela doação da palha do arroz colhido pelos irrigantes do Boacica e vê no Baixo São Francisco uma salvação para não perder todo o rebanho. “Nossa sorte é o Baixo São Francisco. Se não fosse essa palha, como iria alimentar meu gado? A situação lá está muito difícil, já perdi muitos animais. Sempre os amigos fornecem a palha quando pedimos nesse ato solidário e somos bem servidos pelo pessoal do Boacica. Quando a seca aperta, a gente corre para cá”, afirmou o agricultor durante o carregamento do caminhão com as palhas.

“Quando a seca assola, os agricultores vêm nos procurar. Tem gente que vende um caminhão de palha de arroz até por R$ 25,00. Mas eu prefiro dar a palha para alimentar o gado das famílias que sofrem sem água”, explicou o irrigante Aírton Maurício, que possui lote no Perímetro do Boacica, no qual planta arroz. 
Ele ainda está em processo de colheita, mas já avalia como muito bom o resultado da safra. “Esse ano, a safra foi boa mesmo. E o arroz, que está com um preço 50% maior que no ano passado, vai ajudar a melhorar a renda do agricultor do Boacica. A assistência técnica que tivemos melhorou muito nosso trabalho com aumento da produção. Eles sempre nos orientam e esse ano trouxeram uma diferença”, declarou.
 
SAFRAS 2012/2013

Segundo o engenheiro agrônomo José Célio Leite Araújo, coordenador da empresa contratada pela Codevasf para prestar assistência técnica e extensão rural (Ater) aos agricultores irrigantes dos perímetros Boacica e Itiúba, as projeções realizadas por sua equipe apontam para um aumento na produção de arroz e cana-de-açúcar e no incremento na produtividade média dessas safras produzidas no Boacica. Os indicadores preliminares demonstram um incremento de mais de 10% na produtividade média apenas na safra de arroz em relação ao desempenho do ano passado, numa área plantada de 2 mil hectares. A previsão é que a produtividade média do arroz seja de 7 toneladas por hectare (t/ha), contra 6,36 t/ha registrada na safra passada.

Caso essas projeções sejam confirmadas, a safra 2012/2013 de arroz do Boacica terá um valor de produção de cerca de R$ 7 milhões com uma produção de 14 mil toneladas de grãos, o que representará um incremento na produção de quase 44%, na comparação com a produção na safra 2011/2012, que foi de cerca de 9.790 toneladas de grãos. Na safra atual, houve ainda um aumento na área plantada de arroz, que passou de 1.557 hectares para 2 mil hectares, explicada pelo crescimento de agricultores que optaram por produzir duas safras, uma seguida da colheita da outra. Iniciada em novembro do ano passado, a previsão é que seja finalizada em abril deste ano.

A safra 2012/2013 de cana-de-açúcar do Perímetro do Boacica também apresentará um aumento significativo em relação à safra passada. É o que afirma a Ater, que espera, ao final da colheita, um incremento de quase 24% na produtividade média de toneladas por hectare para esse produto, numa área plantada de 950 hectares. Caso esses números sejam confirmados, o valor de produção dessa safra será de aproximadamente R$ 5,7 milhões quando estiver finalizada a colheita no próximo mês de março, que resultará na produção de 76 mil toneladas de cana, com um aumento de mais de 70% na produção. A área plantada de cana também experimentou um aumento, passando de 844 hectares na safra passada para 950 hectares atualmente. O plantio da próxima safra de arroz no Boacica deve ter início em outubro deste ano. Já o plantio da safra 2013/2014 de cana terá início entre maio e junho.

A Ater prevê uma produtividade média de 80 toneladas por hectare na safra de cana-de-açúcar, contra 64,66 t/ha colhidas na safra 2011/2012 do Perímetro do Boacica. Mas alguns agricultores obtiveram uma produtividade média maior, como é o caso de José Aldo dos Santos, que planta arroz e cana. “Tenho colhido uma média de 100 t/ha de cana. Nos próximos dias, devo finalizar também a colheita do arroz”, comemorou.

O engenheiro agrônomo José Célio Leite Araújo afirma ainda que o bom preço da tonelada de arroz, que hoje está em torno de R$ 615,00, também está animando os agricultores do Boacica para o plantio de uma segunda safra. “Observamos que houve um aumento de 50% no valor da tonelada de arroz, quando comparamos com o preço de venda na safra 2011/2012, que era de R$ 410,00. Como a safra foi plantada e colhida no período correto este ano, muitos agricultores estão investindo numa segunda safra de arroz, aproveitando a estiagem prolongada. Assim, eles aproveitaram a infraestrutura de irrigação do perímetro para a nova safra”, apontou.

Atualmente a semente utilizado no plantio de arroz do Boacica é a EPAGRI 113, conhecida popularmente por “Tio Taka”. Essa variedade substituiu o Formoso, que já era utilizado no Boacica há várias safras.
As safras de arroz e de cana já têm destino certo. A maior parte do arroz vai para os estados de Sergipe, Pernambuco, Bahia e Ceará. Já a safra de cana é destinada às agroindústrias da região do Baixo São Francisco alagoano. Além da produção de arroz e da cana-de-açúcar, alguns lotes de agricultores irrigantes do Perímetro Irrigado do Boacica também desenvolvem a piscicultura com criação de peixes em viveiros escavados e a policultura com o plantio de banana, laranja e coco.

De acordo com o superintendente regional da Codevasf em Alagoas, Luiz Alberto Moreira, as projeções de sucesso para as safras 2012/2013 do Perímetro do Boacica devem-se a soma de três fatores: o trabalho de sucesso da assistência técnica e extensão rural, a dedicação dos agricultores irrigantes e a parceria com o Governo de Alagoas na distribuição de sementes. “Com a contratação da Ater, obtivemos um salto de qualidade junto aos agricultores do Boacica. Os técnicos que atuam em nossos perímetros irrigados são altamente capacitados e comprometidos com resultados cada vez melhores. Eles orientam e trocam experiência com o homem do campo. E essa sinergia tem dado grãos de qualidade. Agora queremos investir no aumento da produtividade, mas nosso foco também deve ser a melhoria da qualidade do arroz e da cana-de-açúcar produzidos no Baixo São Francisco alagoano. Destaco ainda como fator de sucesso a extrema dedicação dos agricultores ao trabalho para esta safra. São eles o fator essencial para este sucesso.
E não poderíamos esquecer que sem a parceria do Governo de Alagoas, por meio da Secretaria de Agricultura e Desenvolvimento Agrário, esses resultados poderiam ficar comprometidos”, declarou.

Para o gerente regional de Empreendimentos de Irrigação da Codevasf em Alagoas, o engenheiro agrícola Geraldo Mota, os resultados projetados para essas safras refletem também os investimentos realizados pela Codevasf nos perímetros públicos de irrigação mantidos pela companhia no estado e também ao trabalho dos agricultores irrigantes. “Hoje a Codevasf mantém em Alagoas três perímetros irrigados, o Boacica em Igreja Nova, o Itiúba em Porto Real do Colégio e do Marituba em Penedo, que geram de 1.919 empregos diretos e beneficiam um universo de 9.595 mil agricultores familiares. Para cada hectare irrigado, são gerados um emprego direto e três indiretos. Somente com o pagamento do consumo da energia elétrica utilizada nos sistemas de irrigação e drenagem, com os custos de operação e manutenção desses sistemas, na disponibilização da assistência técnica e extensão rural e com os serviços de vigilância na estrutura dos perímetros, a Codevasf investiu no ano passado cerca de R$ 4 milhões para fortalecer a agricultura familiar no Baixo São Francisco alagoano. Assim essas projeções são frutos desses investimentos e do trabalho incessante dos agricultores familiares desses perímetros irrigados”, pontuou.

O gerente regional ainda acrescentou que para 2013 estão previstos investimentos da Codevasf na ordem de R$ 8 milhões nos perímetros irrigados, que serão utilizados na manutenção da infraestrutura de drenagem e irrigação, em reparos nos canais de drenagem e irrigação, nas estações de bombeamento, nas redes elétricas, na conservação de estradas, na manutenção da Ater, no custeio da energia elétrica e com a operações e manutenção dos perímetros.”Todo esse apoio e investimentos realizados pela Codevasf têm se refletido em uma melhora da qualidade de vida dos agricultores e seus familiares, na dinamização da economia local e estadual e no combate ao mito do êxodo rural sem fim tão falado no Brasil em todos os tempos”, declarou o engenheiro agrícola da Codevasf Geraldo Mota.


SEGUNDA SAFRA DE ARROZ 2012/2013

A estiagem prolongada no Nordeste brasileiro tem gerado prejuízo para muitos agricultores da região do semiárido. Por outro lado, a escassez de chuva também gera expectativa de aumento na produção de arroz no Baixo São Francisco alagoano. Com a ampliação do período de estiagem, que normalmente tem início em setembro e vai até fevereiro do ano seguinte, muitos agricultores irrigantes do Perímetro do Boacica estão apostando no plantio de uma segunda safra, esperando que o período sem chuva se prolongue até abril.

Edinê Antônio Ribeiro é um dos agricultores do Boacica que fazem essa aposta. “O preço do arroz está muito bom, se comparado com o ano passado, e a produção tem dado grande resultado. Temos uma perspectiva de melhoria de renda de nossas famílias. Já colhi a primeira safra de um dos lotes e estou preparando a terra para a segunda safra. Há mais ou menos cinco anos, foi a última vez que tinha feito uma segunda safra. Quando tem uma sequência de enxurrada, não dá para pensar nisso. Esse ano, com a estiagem, muita gente vai tentar assim como eu fazer duas safras. O agricultor tem que tentar para ver se dá certo”, defendeu.


Fonte: CODEVASF

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