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Energia pressiona custos do feijão e pode elevar preços até o fim do ano

Com quadro de oferta e demanda mais apertado do que no ano passado, o analista Marcelo Lüders considera possível a saca chegar a R$ 200 até dezembro.

No início da colheita da terceira safra de feijão, os custos mais altos pressionam o produtor e podem levar a repasses para o preço. A avaliação é de Marcelo Lüders, analista de mercado da Correpar, do Paraná. Ele chama a atenção, principalmente, para a energia, já que esta fase da produção é, na maior parte, irrigada. “A tarifa de energia elétrica, usada nos sistemas de irrigação, aumentou cerca de 90% para o produtor. A máquina que usada na colheita entra na lavoura abastecida com um diesel mais caro”, lembra.
Conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra 2014/2015, contando os três ciclos produtivos anuais no Brasil, deve ser de 3,274 milhões de toneladas, queda de 5,2% em relação à temporada 2013/2014. A terceira safra deve ser de 814 mil toneladas (5,7%).
O mercado de feijão carioca, diz o especialista, está com quadro apertado de oferta e demanda, diferente do ano passado. E, considerando também a pressão dos custos, elevações de preços não estão descartadas. Segundo Lüders, a saca de 60 quilos é negociada em torno R$ 130, mas há operações a R$ 140 em algumas regiões.
A demanda está concentrada neste início do mês, pela necessidade de repor estoques, o que explica as negociações mais aquecidas neste momento. A partir do dia 15, Lüders acredita que pode haver alguma acomodação. De qualquer forma, com o mercado trabalhando praticamente “dá mão para a boca” e a pressão de custos na terceira safra, ele avalia que a tendência é altista e não descarta a possibilidade da saca chegar a R$ 180 ou R$ 200 até o fim do ano.

Safra 2015/2016

Para o primeiro ciclo da safra 2015/2016, com início de plantio previsto para agosto, o especialista acredita que dois fatores fundamentais devem ter maior influência na decisão do produtor. De um lado, a melhora nos preços interno do grão pode estimular o cultivo e trazer uma recuperação de área que, só na temporada 2014/2015 caiu 11,8%, segundo a Conab, e chegou a 1,04 mil hectares. “Há um estímulo para plantar mais com este cenário e tem uma máxima no mercado que diz que quem planta primeiro, vende melhor”, diz Marcelo Lüders.
De outro lado, ainda há a incerteza da safra norte-americana de soja, que, dependendo do resultado, pode ser desestimulante para o feijão. As fortes chuvas ocorridas no meio-oeste dos Estados Unidos atrapalharam o plantio e trouxeram volatilidade ao mercado internacional. Na bolsa de Chicago, as cotações da soja voltaram a ficar acima de US$ 10 o bushel até o vencimento de novembro. “Essa situação pode influenciar porque, se o produtor decidir pela soja, certamente plantará sobre áreas onde semearia feijão”, acrescenta o especialista.

Leilão

Na próxima quarta-feira (8/7), a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) realiza mais um leilão de venda de estoques oficiais de feijão. Serão ofertadas 6,66 mil toneladas do produto da safra 2013/2014. O volume foi dividido em 25 lotes, armazenados em Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins.
Será o 16º leilão neste ano. Nos 15 anteriores, a Conab colocou em negociação 118,039 mil toneladas e registrou demanda para 6,240 mil, o equivalente a 5,29% do total. A Companhia faturou R$ 11,699 milhões com as operações.
Marcelo Lüders avalia que as operações realizadas pelo governo praticamente não tiveram impacto no mercado. Ele explica que, como o produto é de safras anteriores, deve abastecer, por exemplo, cozinhas industriais, que tendem a procurar feijão em maior quantidade e a um preço mais baixo, sem prejuízo nutricional. “O consumo maior do feijão carioca, de um modo geral, é do produto novo, recém-colhido. O mercado desse feijão colhido há mais tempo é mais restrito”, diz ele.


Fonte: Globo Rural

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