Captação de água das chuvas e uso de quase 700 pivôs valoriza recursos naturais e aumentam a produtividade.
O uso sustentável da água para irrigação agrícola na cidade de Cristalina, GO, é considerado exemplo no Brasil e na América Latina. Segundo dados do Sindicato Rural de Cristalina, a cidade possui atualmente cerca de 52 mil hectares irrigados, 680 pivôs centrais em funcionamento e 142 produtores que trabalham com culturas irrigadas. De acordo com o mais recente levantamento do IBGE, graças a esse modelo de irrigação, Cristalina registrou o segundo maior valor bruto de produção em 2013 (R$ 2 bilhões), ficando atrás apenas da cidade de Sorriso (MT).
Para Alécio Maróstica, presidente do Sindicato Rural de Cristina, esse número ainda pode crescer. “A área irrigada do município pode aumentar nos próximos anos, a ponto de ultrapassar 100 mil hectares”, afirma, complementando que “culturas de soja, milho e a integração lavoura-pecuária podem ganhar em produtividade com a expansão do sistema”. Atualmente, a irrigação em Cristalina tem como carro-chefe as plantações de tomate, mas atinge também áreas de plantio de batata, alho, cebola e cenoura.
Modelo de irrigação - Além da alta tecnologia empregada no uso dos pivôs, o segredo da sustentabilidade está na maneira como os agricultores os abastecem: a água utilizada é fruto da captação das chuvas por meio de barramentos.
As barragens são responsáveis pela manutenção dos pivôs em funcionamento, pois garantem o fluxo de água no sistema. A irrigação, por sua vez, garante condições para que seja possível produzir o ano todo, ameniza as características do Cerrado, região conhecida por ter chuvas concentradas no verão e estiagem de maio a setembro.
Para Hiran Medeiros Moreira, diretor da Irriger, empresa de consultoria em gestão de irrigação e que faz parte do grupo Valmont, um dos maiores fabricantes mundiais de pivôs, a irrigação é atualmente um dos principais caminhos para maior produção sem ampliação da área plantada, pois proporciona sustentabilidade econômica, social e ambiental.
Em Cristalina, há um aspecto a se destacar: mais de 170 barramentos sustentam os pivôs centrais instalados, garantindo sustentabilidade hídrica ao município. Assim, os irrigantes são também produtores de água. Há mais de 30 anos, quando não havia pivôs ainda instalados, havia menos água disponível nas bacias hidrográficas. Atualmente, o que restringe o ritmo de implantação de novos projetos é a indisponibilidade de energia elétrica por parte da concessionária local. Outros municípios de Goiás, como Formosa, e de Minas Gerais, como Unaí, já seguem o exemplo de Cristalina. “Os produtores dessas cidades notaram que o sucesso de Cristalina estava nas barragens, que garantem irrigação o ano todo”, aponta Moreira.
A implantação do sistema requer investimento inicial alto, mas o consultor garante que o retorno é certo. Para implantar um projeto de pivôs centrais, é necessário aporte que varia entre R$ 5mil e R$ 12 mil, somados ao investimento para construção das barragens, que giram em torno de R$ 1mil a R$ 3mil por hectare. “A vida útil de um pivô é longa, podendo superar 30 anos de uso continuado. Fora isso, há o ganho com aumento de produtividade”, explica.
Fonte: Cenário MT
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