Os 35 perímetros irrigados da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) situados na bacia hidrográfica do rio São Francisco alcançaram R$ 1,97 bilhão em valor bruto de produção no ano de 2014. Quase metade desse desempenho (46,7%) corresponde à produção agrícola familiar. Juntos os perímetros produziram 3,23 milhões de toneladas de itens agrícolas, sobretudo frutas, em 108 mil hectares. Essas áreas irrigadas mantiveram 76.692 empregos diretos e 115.038 empregos indiretos no ano. Os dados fazem parte do balanço 2014 da agricultura irrigada realizado pela diretoria de irrigação da Companhia.
“Os resultados são bastante expressivos, mesmo com a crise hídrica que estamos vivendo. A Codevasf tem executado obras de revitalização dos perímetros, com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), para que a agricultura irrigada se desenvolva. Estes investimentos são de fundamental importância, pois propiciam em última instância a redução de custos de operação e manutenção, e, assim, de custos de produção, o que promove aumento da renda do agricultor”, afirma o diretor da Área de Irrigação da Codevasf, Solon Braga Filho. De acordo com o diretor, a Codevasf tem atualmente R$ 500 milhões em ações de modernização contratadas para os perímetros irrigados, sendo que mais de R$ 250 milhões já foram pagos. Os recursos são do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Os projetos irrigados localizam-se nos estados de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas. Dos 35 perímetros, 25 foram implantados pela própria empresa ao longo de sua história e dez foram implantados pela Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf) na década de 1990 para compensar famílias que residiam na área onde se formou o lago da usina hidrelétrica de Luiz Gonzaga (PE) – estes são identificados conjuntamente como Sistema Itaparica.
Na maioria dos perímetros a operação e a manutenção das estruturas é delegada pela Codevasf a organizações de produtores. Essas organizações arrecadam as tarifas de água para rateio das despesas. Por ser a proprietária da infraestrutura de uso comum – canais, estradas, drenos, estações de bombeamento etc. –, a Codevasf periodicamente realiza investimentos em modernização e economia de água, com vistas à redução dos custos de operação e manutenção. Além disso, a Companhia provê assistência técnica aos produtores ocupantes dos lotes familiares dos perímetros.
Na opinião de Braga Filho, os resultados dos perímetros nos próximos anos poderão ser ainda melhores. Entre as novas ações da Codevasf está o desenvolvimento de projetos executivos de intervenções que promovem economia de água nos lotes de agricultores dos perímetros Curaçá, Maniçoba e Tourão, localizados em Juazeiro (BA), e Bebedouro, situado em Petrolina (PE). Os projetos são a extensão de uma experiência piloto bem sucedida realizada no perímetro Mandacaru, em Juazeiro, que chegou a receber prêmios nacionais como modelo de uso eficiente da água.
Serão atendidos com os projetos executivos, concluídos em 2014, 528 produtores, em área total de 4.042 hectares. “Esses projetos podem promover economia de até 63% no volume anual de água bombeado do rio São Francisco para as áreas beneficiadas, o que representa 79 bilhões de litros de água do rio economizados anualmente. Há ainda a expectativa de que com esse modelo de irrigação haja aumento de produção, redução de processos erosivos e de salinização dos solos, aumento da área plantada e redução do consumo de energia em estações de bombeamento”, explica o diretor da Codevasf.
Lagoa Grande (MG)
O perímetro Lagoa Grande, situado no município de Janaúba (MG), obteve resultados especialmente positivos na comparação com o ano anterior e alcançou 29,88 mil toneladas produzidas em 2014, com valor bruto de produção de R$ 36,19 milhões. O perímetro é responsável por cerca de 2,8 mil empregos diretos e indiretos e suas principais culturas são a banana, a manga e o caju.
Na avaliação do gerente de irrigação substituto da 1ª Superintendência Regional da Codevasf (MG), Marcos Egídio, os produtores têm buscado meios de aumentar sua eficiência produtiva e minorar os efeitos da escassez de água. “O perímetro de Lagoa Grande, abastecido com água da Barragem do Bico da Pedra, passou por uma grande restrição de fornecimento de água no período. O que os produtores fizeram para lidar com a situação foi trabalhar intensamente para aumentar a produtividade. Com o insumo água bastante restrito, eles aplicaram com mais eficiência outros insumos de produção”, afirma.
Mesmo com redução da área cultivada – de 1.153 hectares para 1.112 –, o perímetro conseguiu aumentar sua produção em mais de 30% entre 2013 e 2014 – de 22,25 mil toneladas para 29,88 mil toneladas – e registrou alta no preço médio da tonelada comercializada.
“Quando a produção não subiu, como ocorreu em outros perímetros de Minas Gerais, os produtores buscaram desenvolver estratégias de comercialização alternativas, de modo a garantir sua remuneração nesse momento de escassez de recursos hídricos”, afirma Marcos Egídio.
Fonte: Codevasf
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