O fortalecimento da cadeia produtiva da mandioca – alimento que pode se transformar no principal cultivo do século 21, segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO/ONU) – é alvo da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) no Maranhão: R$ 1,5 milhão estão sendo investidos para beneficiar inicialmente 360 famílias agricultoras em áreas rurais afetadas por estiagens prolongadas.
Serão nove Unidades de Multiplicação de Manivas implantadas e estruturadas no Maranhão – a ação integra o eixo de inclusão produtiva do Plano Brasil Sem Miséria. O objetivo é promover, em cada um desses maniveiros, a implantação de 1,0 hectare irrigado com infraestrutura de poço e sistema de irrigação visando à multiplicação de manivas selecionadas para posterior repasse aos agricultores familiares e implantação de Unidades de Produção de Manivas em áreas de 0,25 hectare cada.
No total, serão aplicados recursos de R$ 1,5 milhão na concretização de todas as etapas do Projeto Reniva no Maranhão – Rede de Multiplicação e Transferência de Materiais Propagativos de Mandioca com Qualidade Genética e Fitossanitária –, desenvolvido em parceria com a Embrapa. Os recursos são oriundos da Secretaria de Desenvolvimento Regional do Ministério da Interação Nacional (SDR/MI).
O projeto busca fomentar a mandiocultura no estado, incentivando a produção em larga escala e o cultivo das manivas-sementes para propagação da cultura em outras regiões. Inicialmente, o Reniva deve beneficiar diretamente cerca de 4.760 famílias nos estados da Bahia, Pernambuco, Maranhão, Piauí e Alagoas. No Maranhão, o Projeto Reniva encontra-se em fase de elaboração de projetos executivos, inclusive regularização ambiental e fundiária. Cerca de 360 famílias rurais deverão ser diretamente beneficiadas no estado já na primeira produção de mudas dos maniveiros.
Sustentabilidade e competitividade
Para o gerente de Revitalização das Bacias Hidrográficas da Codevasf no Maranhão, Sérgio Costa, o plantio de manivas de alta qualidade trará melhorias para toda a cadeia produtiva, fortalecendo a sustentabilidade e a competitividade da mandiocultura no estado.
“A mandioca carece de uma produção profissionalizada de mudas em larga escala. Além disso, o armazenamento de mudas para o plantio comercial apresenta grandes dificuldades haja vista a baixa longevidade quando comparada com outras culturas. Assim, a baixa qualidade do material que usualmente é utilizado para o plantio reduz a produtividade em pelo menos 20% e isso acabava desestimulando a produção por conta da redução do rendimento da cultura e dos baixos preços conseguidos com a venda do produto. Nesse sentido, o Reniva demonstra compromisso com o desenvolvimento rural sustentável com foco na agricultura familiar”, comenta.
Além da distribuição de manivas aos agricultores familiares, o Projeto Reniva vai ampliar a área de plantio e fortalecer a cadeia produtiva da mandioca, por meio do apoio a produção, beneficiamento e comercialização dos produtos oriundos da mandioca, promovendo, assim, segurança alimentar.
Serão também implantadas unidades de beneficiamento e de processamento, bem como a aquisição de equipamentos para a estruturação da cadeia produtiva da mandioca, inclusive com o fornecimento de nove conjuntos agrícolas completos compostos por tratores e implementos (carreta agrícola, grade aradora, arado reversível, grade niveladora, distribuidor de calcário e sulcador), no valor aproximado de R$ 1,42 milhão.
Repasse de mudas
Parceira no projeto, a Embrapa fará a transmissão de tecnologia mediante o repasse de material indexado, sadio e com pureza genética para a produção de mudas micropropagadas às biofábricas que as fornecerão às Unidades de Multiplicação de Mandioca. As mudas serão irrigadas, tornando-se manivas-sementes de qualidade, quando finalmente estarão prontas para serem repassadas aos produtores.
A Codevasf fará a implantação de todo o sistema de captação, armazenamento e distribuição de água para a irrigação, implantará as lavouras em solo corrigido, adubado e preparado e promoverá o acompanhamento técnico da produção, além de fazer a seleção e distribuição das mudas melhoradas aos agricultores familiares que se enquadram no perfil do público do Plano do Brasil Sem Miséria.
“Um dos principais reflexos que o Projeto Reniva assinala diz respeito ao aumento da produtividade e isso poderá resultar numa maior lucratividade para o agricultor dos produtos provenientes da mandioca”, analisa o chefe da Unidade de Apoio à Produção da Codevasf no Maranhão, Emanuell Martins.
Produto de exportação
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) demonstram que o Brasil produziu 23 milhões de toneladas em 1,6 milhão de hectares em 2014 e exportou raízes de mandioca frescas, refrigeradas, congeladas ou secas. Os principais destinos são Uruguai, Reino Unido e Paraguai. Já Estados Unidos, Bolívia e Venezuela são os principais países que recebem a fécula de mandioca brasileira.
Agricultores familiares e pequenas agroindústrias têm investido cada vez mais na produção de iguarias, como beijus tradicionais e coloridos (preparados com frutas e hortaliças), biscoitos, sopas, mingaus, tortas e pães, informa a Embrapa Mandioca e Fruticultura. Com isso, a raiz passou a agregar valor para o agricultor familiar, melhorando sua renda, qualidade de vida e sustentabilidade no meio rural.
Além disso, a partir de pesquisas de melhoramento genético, produtores têm acesso a variedades com maior teor nutritivo, mais adequadas às exigências da indústria, aumentando a qualidade de vida de um milhão de trabalhadores rurais e contribuindo para a redução da pobreza no campo.
Fonte: Codevasf
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