O casal de agricultores familiares Paulo Francisco de Jesus e Creusa Pereira de Jesus mora no município de Mirangaba, semiárido baiano, e cultiva alface, berinjela, cenoura, maracujá, entre outras frutas e hortaliças. “De tudo um pouco. Tudo o que temos foi tirado desse pedaço de chão”, afirma Paulo. Eles foram beneficiados com um dos 2 mil kits familiares de irrigação que estão sendo implantados pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) nos estados de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Piauí e Maranhão.
“Esse equipamento não tem preço. A economia de água é fora de série. Se antes gastávamos dois mil litros, agora são 500 litros”, comemora o agricultor. Ele conta que antes a irrigação de toda a área era feita manualmente com um “chuveiro de mão”. “É mais prático cuidar da plantação com o kit familiar”, explica.
Até o momento já foram entregues 1.828 kits familiares de irrigação – a meta de 2 mil kits deve ser atingida ainda no primeiro semestre deste ano. A implantação dos kits é uma ação conjunta dos programas Água Para Todos (2ª Água) e Desenvolvimento Regional, Territorial Sustentável e Economia Solidária (Inclusão Produtiva), ambos vinculados ao Plano Brasil Sem Miséria. O investimento foi de R$ 1 milhão, com recurso proveniente da Secretaria de Desenvolvimento Regional do Ministério da Integração Nacional (SDR/MI).
“Um dos objetivos da implantação dos kits é estimular a produção para o autoconsumo e a comercialização do excedente pelos beneficiários. Dentre as vantagens do sistema, podemos destacar a eficiência no uso da água; a facilidade de instalação, operação e manutenção; a otimização do tempo para irrigar, o aumento da produtividade das lavouras; e a melhoria da qualidade dos produtos ofertados”, explica a chefe da Unidade de Arranjos Produtivos da Codevasf, Rosangela Soares.
Cada kit familiar tem capacidade para irrigar uma área de até 500 metros quadrados, por meio do sistema de gotejamento localizado – considerado um dos mais eficientes em termos de economia de água para a irrigação de plantas. Em alguns casos é dispensada a necessidade de bombeamento. A composição dos kits abrange 21 itens, entre registro, filtro de tela, conexões, tubos de distribuição em polietileno, adaptadores de tubos, bobina de tubo gotejador e outros acessórios.
A implantação dos kits é feita após análise da vocação agrícola e das necessidades de cada família. Uma das exigências para a instalação do equipamento é a existência de fonte hídrica que garanta a sustentabilidade da atividade. As famílias beneficiadas participam de capacitação, onde são explicados todos os detalhes de montagem, manutenção, operação e gerenciamento dos kits de irrigação.
Em algumas localidades, os kits estão sendo instalados em hortas comunitárias, que atendem mais de uma família. A agricultora familiar Oglete Maura Ferreira conta que a horta Hortifruti Fruto da Terra, no município de Bocaiuva (MG), recebeu cinco kits de irrigação. Na horta trabalham cerca de 30 famílias, que cultivam principalmente hortaliças. “Recebemos os kits no ano passado, já no final da colheita. Mas o pessoal achou que o kit funciona bem. Ele é muito bom para o cultivo de produtos que não podemos molhar a folha, como couve e tomate”, afirma.
Nesta etapa, que teve início em 2012, os kits de irrigação devem beneficiar mais de duas mil famílias em 119 municípios, a maioria em região de semiárido. Em Minas Gerais, em nove municípios, 250 kits familiares de irrigação foram entregues; em Pernambuco, em 20 municípios, foram 300 kits; no Maranhão, em 15 municípios, outros 300 kits foram implantados; e no Piauí, em 28 municípios, foram 350 entregues.
Na Bahia, já foram entregues 436 kits de irrigação – a meta é implantar 450 kits em 32 municípios. Em Sergipe, 116 kits já estão beneficiando os agricultores familiares, de um total previsto de 150 em 11 municípios. Já em Alagoas, 76 kits foram entregues, da meta de 200 kits familiares em quatro municípios.
“Os kits de irrigação implantados estão impulsionando a agricultura familiar, pois representam uma oportunidade para os pequenos produtores, propiciando ocupação, geração de renda e trabalho, além de segurança alimentar às famílias beneficiadas. Devido aos resultados altamente satisfatórios, estamos empenhando esforços para ampliar a ação”, destaca a gerente de Desenvolvimento Territorial da Codevasf, Izabel Aragão.
Agricultura familiar
A agricultura familiar é considerada pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) a forma predominante de agricultura no setor de produção de alimentos. De acordo com a FAO, a atividade tem papel importante na erradicação da fome e da pobreza, na provisão de segurança alimentar e nutricional, na melhora dos meios de subsistência, na gestão dos recursos naturais, na proteção do meio ambiente e no desenvolvimento sustentável.
A FAO destaca que uma série de fatores são fundamentais para o desenvolvimento da agricultura familiar, como condições agroecológicas e características territoriais, ambiente político e acesso aos mercados, à tecnologia, aos serviços de extensão e ao financiamento.
Segundo informações do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), no Brasil, pelo menos cinco milhões de famílias vivem da atividade e produzem a maioria dos alimentos consumidos no país.
Fonte: Codevasf
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