Como água não cai mais do céu, é preciso tecnologia para garantir cultivo
Não faltam soluções para enfrentar o déficit hídrico que atinge a agricultura brasileira. Porém, a falta de conhecimento e de capacidade de investimento dificultam que essas tecnologias sejam amplamente usadas. No caso da irrigação, o Brasil tem um potencial de utilizá-la em 30 milhões de hectares, e hoje apenas 5 milhões de hectares fazem uso da técnica, segundo o consultor e diretor da Irriger Gerenciamento e Engenharia de Irrigação, Hiran Medeiros Moreira.
“Falta ao produtor conhecimento. Ele precisa ser capacitado, pois é outro esquema de produção quando se adota a irrigação. Tudo muda na propriedade”, explica Moreira. Segundo o consultor, em média, o investimento na irrigação fica em torno de R$ 6.000 a R$ 10 mil por hectare. Para o engenheiro agrônomo e analista de meio ambiente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Guilherme Oliveira, os investimentos são altos. “É necessário adquirir equipamentos e contratar profissionais, já que, sem assistência técnica, o que deveria ajudar pode piorar a produção”, diz.
Essas mudanças, porém, podem garantir até 95% da eficiência do recurso hídrico, segundo Moreira. “Isso pode significar, em média, uma economia que varia de 20% a 30% de água. Dependendo das condições da propriedade, pode ser até mais”, afirma.
A Villa Café, indústria mineira de café gourmet com duas fazendas na região de Carmo da Cachoeira, no Sul do Estado, adotou há mais de uma década a irrigação por gotejamento, o que fez diferença neste período de estiagem. Enquanto a região registrou uma queda de 19,10% na produção, na comparação entre 2014 e 2013, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a Villa Café teve redução de apenas cerca de 5%. “Uma vantagem deste tipo de irrigação é garantir a produção e a qualidade do produto”, afirma Rafael Duarte, um dos sócios.
A irrigação por gotejamento é indicada para plantações que não precisam que toda a área seja irrigada, mas não é a única. “Toda técnica pode ser boa se for feita adequadamente. O importante é monitorar a quantidade de água exata para cada tipo de plantação”, ensina Oliveira, da Faemg.
Produção
Crescimento. A irrigação pode aumentar três vezes a produtividade do solo, ou aumentar de um para dois ciclos e meio de produção por ano, segundo o consultor em irrigação Hiran Moreira.
Modalidades
Tipos mais comuns de irrigação no Brasil:
Gotejamento. Utilizado em plantações que não precisam que toda a área seja irrigada, como pomares, cultura de café e hortaliças.
Pivô central. Para áreas que precisam ser totalmente irrigadas, como milho, feijão, soja e arroz.
Sulco. Método que distribui a água por gravidade através da superfície do solo. Aspersão convencional. São lançados jatos de água que caem sobre a cultura. Usada na cana, café e arroz.
Microaspersão. Mais eficiente que a convencional, é bastante utilizada em plantações de hortaliças.
Fonte: O Tempo
Nenhum comentário:
Postar um comentário