Segundo a FAO, nos próximos 25 anos, 80% da produção sairá das lavouras regadas. Superintendência da Irrigação no Estado assegura que Goiás “tem todas as condições para ampliar a área irrigada”
O cadastramento das áreas irrigadas deu um novo alento a Goiás. Sendo comemorado pelos vários segmentos técnicos da Secretaria da Agricultura e demais parceiros envolvidos, entre os quais a Emater, Federação da Agricultura, Federação da Indústria e Comércio, Organização das Cooperativas, Secretaria do Meio Ambiente e Fundepec. A animação toda, um verdadeiro presente de natal, é que o potencial goiano de irrigação é cinco milhões de hectares, podendo alcançar 8 milhões de hectares. Atualmente, esse número se limita a 250 mil hectares. Portanto, o cenário agropecuário é positivo para o Estado. Esses números alvissareiros foram transmitidos pelo superintendente de Irrigação da Secretaria da Agricultura, engenheiro agrônomo Alécio Maróstica, em entrevista exclusiva ao Diário da Manhã.
Alécio Maróstica observa que o cadastramento vai permitir atuar, de forma mais rápida, nas regiões que oferecem maior concentração de área irrigada, os sistemas de produção, os equipamentos em uso e sua idade, quais as culturas, entre vários outros aspectos. Entre elas, as banhadas pelas bacias hidrográficas do São Marcos, Meia Ponte, Bois, Paranã. O cadastro tem as condições de informar de forma abalizada, também, o que plantar, onde entregar a produção, mão de obra, entre outras informações.
Há no Estado 2.300 pivôs cadastrados, ou 12% da área, onde se cultiva desde grãos, milho destinado à pamonha, café, frutas como maçã, pêssego, nectarina, uva, atemoia, abacate e até capim, destinados à formação de pastagens para o rebanho.
Para a FAO, organismo das Nações Unidas para a Alimentação, 80% da produção sairá nos próximos 25 anos das lavouras irrigadas. O superintendente da Irrigação no Estado assegura que Goiás “tem todas as condições para ampliar a área irrigada”. Observa que apenas 5% dessa área estão sendo utilizados, sem comprometer outro uso.
O município goiano de Cristalina, Região do Entorno de Brasília, representa, hoje, o segundo maior Produto Interno Bruto (BIP) agrícola do Brasil, conforme dados estatísticos de 2013, apresentado pelo IBGE. Ainda em 2005, foi feito no município o primeiro cadastramento, que motivou um trabalho similar no Estado, segundo Maróstica.
O superintendente chama a atenção para um detalhe: na produção de sequeiro há um empregado para cada cem hectares. No sistema irrigado, um empregado em cada 15 hectares. O sistema irrigado gera 44.334 empregos diretos. A irrigação contribui para a obtenção de maiores índices de produtividade, proporciona até três safras anuais, manutenção da oferta. Em Cristalina, os preços da batata inglesa estiveram aviltados, com vendas a R$0,80 o quilo. E depois estabilizados a R$1,80.
Os produtores não precisaram botar a mão no bolso para a iniciativa. Observa o superintendente de Irrigação estadual que os trabalhos foram desenvolvidos numa ação conjunta. Foram envolvidos, além da Secretaria da Agricultura, a Emater, Faeg, Fieg, OCB-GO, Sema e Fundepec. Os trabalhos da Emater estão sendo ressaltados como vitais, porque os extensionistas envolvidos souberam estabelecer o diálogo com os produtores, em princípio desconfiados dos motivos do cadastramento.
Números
O Cadastro do Irrigante, desenvolvido pela Secretaria da Agricultura, Pecuária e Irrigação, fornece números surpreendentes. A dinâmica das chuvas é apresentada nos estudos. Houve no período uma precipitação de 1.588 milímetros, havendo uma evapotranspiração de 588 mililitros, escoamento de 472 mililitros, infiltração de 394 mililitros no lençol freático. O total de usuários por bacias hidrográficas: Araguaia, 199; Paranaíba, 2.027; São Francisco, 205; e Tocantins, 634.
O Brasil é o quinto País no ranking internacional em área irrigada, compreendendo seis milhões de hectares. A Índia ocupa o primeiro lugar, com 59% milhões de hectares. Em segundo, aparece a China, com 54 milhões de hectares. Na sequência, Estados Unidos e Espanha. Goiás tem 0,25 milhões de hectares. Israel desponta com 0,23 milhões. No Estado, o número de irrigantes cadastrados soma 3.253, ocupando uma área irrigada de 171.407,62 hectares. Vários são os sistemas utilizados, entre eles convencional em suas variedades, inundação, gotejamento, micro aspersão, pivô central e sulco. O sistema de pivô central soma 2.250 ou 70% da área irrigada.
Nas principais culturas irrigadas na última safra, a soja ocupou 34.559,77 hectares; o milho, 34.472,23 hectares; o feijão, 28.749,15 hectares; as olerícolas, 17.184,50 hectares. Os demais foram ocupados pelo algodão, arroz, aveia, café, cana de açúcar, eucalipto, flores, frutas, grama, milho doce, milho silagem, mudas, pousio, seringueira, sorgo e trigo.
As formas de comercialização dos produtores irrigados: agroindústrias, 592, correspondentes a 16%; atravessadores, 572 ou 15%; direto ao consumidor, 503 ou 14%; cooperativas, 421 ou 11%; entrepostos da Ceasa, 398, correspondente a 11%; com varejistas, 376 ou 10%; outros, 172 ou 5%. Na forma de assistência técnica, o sistema governamental atingiu 687 ou 21%; própria, 1.272, 40%; particular, 1.231 ou 38%.
Fonte: Irrigação.net
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