Produtores familiares da região da Serra Gaúcha, localizada no estado do Rio Grande do Sul, visitaram os municípios de Petrolina, em Pernambuco, e Juazeiro, na Bahia, com o objetivo de fazer contato com produtores nordestinos e conhecer a realidade da região do vale do São Francisco, onde a produção de frutas, apesar do clima adverso, tem se destacado internacionalmente.
A iniciativa de realização da visita foi do Sebrae e Senar, por meio do projeto “Juntos para Competir”, e contou com o apoio técnico e logístico das 3ª e 6ª superintendências regionais da Codevasf, sediadas em Petrolina e Juazeiro, respectivamente.
A programação incluiu visita técnica ao campo experimental do Perímetro Irrigado de Bebedouro, em Petrolina, onde a Embrapa desenvolve experiências de cultivo de frutas de clima temperado, como pera, maçã e caqui; à empresa Moscamed, onde assistiram uma apresentação sobre o controle biológico de pragas na agricultura, e conheceram o processo de “fabricação” do macho estéril da Mosca da Fruta, um inseto que também ataca as plantações sulistas; e finalmente, ainda em Pernambuco, o Perímetro Irrigado Senador Nilo Coelho.
Na Bahia a comitiva visitou a empresa Special Fruit, localizada na estrada que liga Juazeiro a Curaçá, e que há 23 anos produz e exporta frutas, principalmente manga e uva da região.
Outro local visitado foi o Mercado do Produtor de Juazeiro, um entreposto comercial que chega a comercializar cerca de 80 toneladas de frutas por mês, segundo seus administradores.
Diferenças
Fizeram parte do grupo de gaúchos produtores familiares que possuem pequenas cantinas onde fabricam vinho. Segundo João Tosta, um dos técnicos da Codevasf que também acompanhou a comitiva, “a Serra Gaúcha está localizada no nordeste do Rio Grande do Sul onde há forte presença da colonização alemã e também italiana, sendo que as principais cidades são Caxias do Sul, Gramado, Canela, Vacaria, Bento Gonçalves, Garibaldi, e Veranópolis, dentre outras”. Os descendentes do grupo são de famílias da região do Trento e do Vêneto, que desembarcaram no Brasil há cerca de 150 anos.
Segundo Tosta, a região serrana apresenta, em certas épocas do ano, clima com temperaturas negativas, e em algumas propriedades do alto da Serra é possível notar a presença de microclimas, devido à declividade do terreno. Isso também influencia a produção agrícola, e no caso da uva, restringe a produção a uma safra por ano, sem falar da incidência de pragas, como o mildío da videira e o oídio, que podem diminuir consideravelmente os resultados produtivos.
Os visitantes ficaram impressionados com os resultados obtidos no Vale através da irrigação, como a possibilidade de se ter duas safras ao ano, especificamente no caso da uva. Além disso, pesquisas mostram que no sul do país uma videira demora três anos para produzir, mas no vale do São Francisco esse tempo cai para aproximadamente 11 meses.
O terreno plano, a organização e o tamanho das propriedades também chamaram a atenção dos gaúchos. Enquanto na região deles as áreas cultivadas tem em média dois ou três hectares, no Vale do São Francisco eles visitaram propriedades com 220 hectares. Outra observação foi quanto à mão de obra, que no sul geralmente se restringe aos membros de uma mesma família.
Neste contato com pequenos, médios e grandes produtores, a troca de experiências foi positiva. Em visita ao Mercado do Produtor de Juazeiro, o grupo conheceu o presidente da Associação dos Usuários do Perímetro Irrigado Salitre (ASUPIS), Acácio Oliveira, que detalhou algumas particularidades do perímetro onde atua, conjuntamente com a Codevasf, no qual o processo produtivo está sendo desenvolvido para futuramente ser autossustentável.
Na oportunidade, o representante da comitiva sulista, Nestor Pistorelo, consultor do Sebrae e Senar do Rio Grande do Sul, e ex-presidente da CEASA de Caxias do Sul, fez o convite para que produtores nordestinos também visitem o estado dele para conhecer a realidade local.
Fonte: Codevasf
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