Expectativa de safra de 35 toneladas até final do ano.
Com intenção de mostrar os resultados do projeto experimental, para produzir maçã, pera e caqui no Perímetro Irrigado Piauí, em Lagarto, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) convidou os técnicos e diretores, dos órgãos parceiros da iniciativa, para uma visita às “unidades de observação”. A Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro) é quem administra o pólo de irrigação que abriga as plantações e presta assistência técnica direta através de seu quadro funcional. A visita ocorreu na semana passada.
Além da Cohidro, compareceram técnicos e diretores da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), parceira da Embrapa no mesmo projeto em outros campos experimentais, como os de Petrolina-PE, onde se originou o plantio das primeiras mudas frutíferas e também fica a unidade “Semiárido” da Empresa de Pesquisa. Também compareceram à visita técnicos da Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro), interessados na novidade que inseriu estas culturas ao leque de variedades agrícolas produzidas no Estado.
Orientação aos produtores
Como é de frequência, o engenheiro agrônomo e pesquisador Paulo Roberto Coelho Lopes, da Embrapa-Semiárido, veio de Petrolina-PE para visitar os sete pomares instalados nas “unidades de observação” dos agricultores irrigantes. Além de coletar dados sobre o experimento, ele orienta os produtores sobre o manejo das frutíferas,poda,adubação e controle de pragas e doenças. “As plantações estão indo bem, com o desenvolvimento correndo dentro do esperado. A maçã está melhor que a pera e o caqui, mas isso não quer dizer que ela se adapte melhor ao clima de Lagarto, é mais uma questão de cuidado, dedicação que cada produtor dá ao seu plantio. São produtores diferentes para cada cultura e é esperada esta diferença”, comentou ele que trouxe os parceiros no projeto de transferência de tecnologia, demostrando os resultados parciais.
Eficiência das técnicas
Diretor de Irrigação da Cohidro, João Quintiliano da Fonseca Neto, acompanha de perto estes resultados por meio da assistência que a Companhia Sergipana também dá ao projeto. “A novidade que o Paulo Roberto quis mostrar, aos representantes dos outros órgãos envolvidos neste experimento, é o resultado preliminar que prova a eficiência e o resultado das técnicas empregadas. Desde o transplante das mudas – que ocorreu de agosto há novembro de 2013 – até agora, em que os agricultores já se preparam para a colheita das frutas com volume de produção comercial – a partir do final do ano e início do próximo–confirmam ser possível produzir estas variedades, de clima temperado, também em Sergipe. Estes parceiros agora poderão usar o modelo implantado aqui em Lagarto para disseminar esta nova proposta de produção por todo Estado,fomentando com isso a diversificação de culturas em nossa agricultura,o que permite novas oportunidades de negócios aos agricultores”, comentou.
Mardoqueu Bodano, presidente da Cohidro, também compareceu à visita técnica e se diz “maravilhado” com o que os produtores, Embrapa e Cohidro estão desenvolvendo no Perímetro Piauí. “O que mais me deixa satisfeito é o fato de serem estes agricultores familiares os agraciados pela iniciativa. Os pequenos produtores irrigantes são o público alvo principal das ações da nossa Companhia e garantir a eles o pioneirismo no mercado interno de frutas, os primeiros a poder oferecer pera, caqui e maçã, será um incremento significativo na capacidade de geração de renda por meio do trabalho deles na própria terra”, comentou, também lembrando de agradecer ao empenho do senador Antônio Carlos Valadares, que em 2012 propôs a emenda parlamentar destinando R$ 300 mil para viabilização do projeto.
Fruticultores
Produtor orgânico de hortaliças, João Pacheco foi um dos agricultores inseridos no Perímetro Irrigado e escolhido para acolher, em seu lote, uma das plantações de caqui do projeto. Para ele a falta de familiaridade com a planta vem a ser a maior dificuldade enfrentada até agora. “A gente não conhece o desenvolvimento da planta, às vezes desanimo, tipo quando caem as folhas, mas ai elas rebrotam de novo e a gente fica novamente contente”, desabafou ele. Diz também que, segundo o agrônomo da Embrapa, está fazendo o manejo correto dos seus 500 caquizeiros. Seu pomar já deu frutos e agora passam por um período de recuperação para nova produção, conforme orientação técnica.
Técnico agrícola da Cohidro, William Domingos Silva é responsável por acompanhar diariamente os sete pomares em Lagarto. Para ele, as visitas da Embrapa e a viagem que fez à unidade Semiárido da Empresa em Petrolina-PE, fazem parte do aprendizado para entender o desenvolvimento das frutíferas, que até o início do projeto eram inéditas em Sergipe. “Este manejo tende a imitar o processo natural das plantas em seu habitat original que são as regiões de clima frio e temperado, onde as estações do ano são bem definidas. Diferente daqui, onde há pouca diferença no clima de uma estação para a outra, nisso entra a irrigação e o manejo adequado às nossas condições climáticas oferecendo às plantas condições ideais de produção,mesmo na nossa região,”explicou.
Jânio Gonçalves dos Santos é outro agricultor irrigante do Perímetro Piauí atendido pela assistência técnica do projeto por abrigar 1000 pés de pera, das variedades “hossui” e “packham’striumph”. Na visita do agrônomo Paulo Roberto da Embrapa, recebeu a orientação para a poda e amarração dos galhos das pereiras. Este manejo tende a formar pequenas árvores de copa larga, para abrigar mais frutos e também de estatura média, facilitando a colheita. “Uma coisa que a gente não conhece fica difícil de lidar sem este acompanhamento de um especialista. Por sorte William está sempre aqui dando assistência, ele como técnico da Cohidro pode nos orientar melhor”, comentou o produtor que plantou seu pomar em novembro de 2013 e foi orientado que, aos um ano e quatro meses, terá uma produção mais plena das frutíferas.
Satisfeito com a primeira colheita, o irrigante José Josemir de Souza tem um pomar com 1000 macieiras e já fez sua primeira colheita há 20 dias. “Aos 15 dias de plantadas, as mudas já começaram a produzir esporadicamente frutos pequenos, fomos até orientados a descartar para ajudar a planta se desenvolver melhor. Mas agora em agosto, menos de um ano de plantadas às mudas, o pomar deu uma produção impressionante, com frutas em tamanho comercial, próprias pra consumo em que eu tirei 15 baldes grandes de maçã”, comemora ele que diz que agora espera outra produção maior e mais consistente, depois da poda de suas macieiras das variedades "princesa” e “julieta”, como foi orientado a fazer nesta visita do agrônomo Paulo Roberto.
Expectativa
Gilvanete Teixeira, gerente do perímetro irrigado da Cohidro em Lagarto, é outra que tem comemorado os resultados obtidos pelos produtores inseridos no projeto. “Isso é só o começo. A previsão é para que no final do ano se colha uma safra que se aproxime às 35 toneladas, em cada um destes sete campos de duas tarefas (0,6hectares) destas frutas e em 2015, ao completar os dois anos, se espera o dobro disso”, informa ela que ainda comenta sobre outra vantagem do plantio das frutíferas. “Os irrigantes podem utilizar da mesma terra – e do sistema de irrigação fornecido pelo projeto – para plantar outras culturas no intervalo de três metros entre uma linha e outra de árvores, desde que elas não façam nenhum tipo de sombra. Aqui já foram experimentadas com sucesso as pimentas malagueta, biquinho, jalapeño e de cheiro; feijão-de-corda; tomate; couve-flor e até brócolis”.
Fonte: Infonet
Disponível em: http://www.infonet.com.br/economia/ler.asp?id=163434
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