A irrigação melhora o índice de desenvolvimento humano (IDH), fixa o homem ao campo e aumenta a produtividade da agricultura, o que também contribui para a preservação do meio ambiente. Mas o manejo da água deve ser feito com inteligência e planejamento para ser eficaz e chegar aos que dela precisam. Estes foram pontos defendidos pelos participantes da audiência pública da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) que discutiu políticas públicas de recursos hídricos, nesta terça-feira (10).
- A irrigação melhorou o PIB na educação, o IDH, aumentou a longevidade. Você vê uma melhoria dos municípios [nordestinos] com irrigação, inclusive da atividade econômica – disse Hypérides Pereira de Macedo, consultor da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Ele deu detalhes de como a gestão dos recursos hídricos tem melhorado a vida dos nordestinos, desde que a água chegou aos locais adequados, de terreno fértil e produtivo no semiárido, os chamados tabuleiros. No passado, disse, as intervenções feitas na região colocavam água onde não havia solo agricultável e irrigável, energia onde não havia água e estrada onde não havia produção.
- Houve integração de bacia, ela integra água, solo, energia e estrada, estada com produção, energia com transformador e água onde tem solo – explicou.
Para melhorar essa integração, a política de açudagem deve ser aprimorada, disse Hypérides. Além da construção de mais açudes terciários (de rios menores, afluentes dos afluentes dos rios que chegam ao mar, e mais próximos da população), a água não pode ser mantida num grande reservatório, pois evapora sem ser utilizada. Para também ser destinada à irrigação, o caminho é a construção de mais adutoras.
- A adutora é o instrumento mais poderoso para transferir água tratada e de melhor qualidade dentro do semiárido. Acho que agora o grande programa do Nordeste é um programa de adutora a partir das fontes dos açudes permanentes, dos estratégicos e dos canais de integração – disse.
O consultor defendeu as obras da transposição do Rio São Francisco. Em sua opinião, essa água seria um "socorro hídrico", permitindo ao gestor de água recursos hídricos sobressalentes.
Irrigação
O chefe da divisão de agricultura irrigada do Ministério da Agricultura, José Silvério da Silva, afirmou que o Brasil tem 5,8 milhões de hectares de lavouras irrigadas, responsáveis por 20% da produtividade nacional e por 43% em termos de valor econômico da produção agrícola do país. Ele declarou que a produção precisa crescer ainda mais, de forma vertical, com aumento de produtividade e não de expansão do território plantado, para fazer frente às necessidades de alimentação da população e ainda preservar o meio ambiente.
Segundo afirmou, o governo espera a expansão da área irrigada nos próximos anos, com acréscimo de 1,2 milhão de hectares entre 2013 e 2015; 2,8 milhões de hectares entre 2016 e 2020; e 7 milhões de hectares até 2030.
- Nós esperamos uma elevação da produtividade agrícola de 20% em termos dos principais produtores de grãos. Hoje, a média de produtividade está em torno de 3,2 toneladas por hectare e nós queremos chegar, em 2015, a 3,35. Isso passa, obrigatoriamente, pela irrigação – disse.
Um dos maiores desafios para manter esse caminho de produtividade é conseguir manter a oferta de água, num cenário de disponibilidade per capita cada vez menor, o que exige o uso racional do recurso, tanto por meio de equipamentos de irrigação mais poupadores quanto de culturas menos exigentes de água, o que também demanda pesquisa, observou. Conforme explicou, há uma ação coordenada de diversas pastas que tratam da questão da água – entre o Ministério da Agricultura, e os Ministérios do Desenvolvimento Agrário e do Meio Ambiente – para viabilizar programas e projetos.
Especificamente para a região Nordeste, afirmou, estão sendo preparados gestores, já que há carência de pessoal capacitado. Uma unidade demonstrativa para capacitar e treinar os produtores está sendo implantada em vários locais da região.
- Devem ser potencializadas as culturas existentes na região. A irrigação é fundamental, mas precisa de gestores capacitados e esforço concentrado - disse.
Já Cantídio Freitas Mundim Neto, representante do Ministério da Pesca e Aqüicultura, afirmou que a piscicultura nos reservatórios das usinas hidrelétricas e a carcinicultura (produção de camarão) estão sendo estimuladas.
- Estamos incentivando a atividade aqüíqueras, pra gerar emprego e renda, buscamos foco na agricultura familiar – afirmou.
Fonte: Portal de Notícias - Senado
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