Com 40% das lavouras sob pivô, região de Paranapanema tem a maior proporção de terras irrigadas na área de grãos do país. No Brasil, esse índice é de apenas 2,5%.
Este seria um ano de crise na colônia Campos de Holambra, em Paranapanema (Sudoeste de São Paulo). A expansão da irrigação verificada nas últimas décadas, no entanto, mantém as lavouras verdes. “Se fosse nos anos 80, com a estiagem de dezembro, metade [dos produtores de grãos] estava quebrada”, avalia o produtor Jacobus Derks, que tem 1,3 mil hectares irrigados no município e trabalha há quatro décadas na região.
A microrregião de Paranapanema tem a maior proporção de terras irrigadas na área de grãos do Brasil. Os 40 mil hectares representam perto da metade das plantações, conforme estimativa da Associação do Sudoeste Paulista de Irrigantes e Plantio na Palha (Aspipp). E mostram como a estruturação da agricultura pode trazer estabilidade ao agronegócio.
Em Paranapanema falta chuva, mas sobra água de rio e reservatório. Não são necessários poços artesianos para irrigação, conferiu a Expedição Safra. Porém, a difusão da tecnologia (pivô central e aspersão) avança contra a corrente. A maior parte dos produtores ainda busca licenciamento ambiental, mesmo com um trabalho intenso de articulação da Aspipp, conta a diretora executiva da entidade, Priscila Sleutjes.
Ela relata que a entidade está envolvida nos debates sobre uso da água e limites dos recursos naturais. Representante dos produtores, afirma que as discussões precisam avançar até para que os rios e represas sejam preservados. Os entraves burocráticos impedem a regularização das áreas, aponta. E as batalhas ainda são conceituais.
“É preciso diferenciar uso de consumo. A água da irrigação para produção de alimentos vai para o lençol freático ou para o rio, não desaparece. Os estados deveriam reconhecer, por decreto, que esse aproveitamento é de utilidade pública e interesse social”, defende. Um decreto nesse sentido muda o rumo das análises dos pedidos de outorga e licenciamento, afirma Priscila.
A irrigação na região do Paranapanema é complementar, explica o presidente da Aspipp, Hubertus Derks. As bombas são ligadas quando falta chuva e garantem cerca de 100 milímetros extras às lavouras na safra de verão. Com as instalações, os produtores cultivam de duas a três safras por ano. Na prática, ganham um ciclo extra, porque comumente passam até dois meses sem chuva na estação mais fria.
Para que uma lavoura comum seja transformada em área irrigada, são gastos R$ 8 mil por hectare, metade só com os equipamentos. A rede elétrica, o serviço de instalação e outras despesas ampliam os custos. A Aspipp estima que os descendentes de holandeses instalados na região de Paranapanema estejam recuperando o investimento em cinco ou seis anos.
Exceção
Com estrutura de irrigação e plantio direto, os agricultores de Paranapanema atingem produtividades um terço acima das médias nacionais. Por hectare, as marcas são de 4,2 mil quilos de soja, 12 mil quilos de milho e 3,6 mil quilos de trigo. Uma diferença que embasa os defensores do uso da água represada em açudes para produção de alimentos. “Um ditado holandês serve bem aqui: é preciso guardar [a água nos tanques de irrigação] enquanto se tem”, aponta Jacobus Derks.
Nas regiões que recebem pouca chuva e não são irrigadas, poucos se aventuram a plantar soja e milho, gastando entre R$ 1,2 mil e R$ 2,6 mil por hectare. As quebras ocorrem quando regiões consideradas boas de chuva, como o entorno de Cândido Mota, são atingidas por veranicos. “A soja precoce não resistiu a 36 dias sem chuva”, disse o produtor Renan Drachemberg, num lote que deve render 25 sacas por hectare, em Maracaí. As chuvas estão mal distribuídas e provocam contraste nas produtividades, disse o agrônomo Wagner Ortiz, da cooperativa Coopermota.
Fonte: Agro Link (http://twixar.me/BF3)
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