Com apenas um hectare, Bezerra introduziu a cultura na região com muita tecnologia e vai ampliar área em 2014.
Francisco Marciano Bezerra, de 35 anos, não tem a maior área de uva do Ceará. Longe disso. Mas pode ser considerado o “pai” da fruta na região. Seu único hectare de uva de mesa, no município de Russas (CE), região do semiárido cearense que contempla o perímetro irrigado de Tabuleiro das Russas, foi o pontapé inicial para a implantação da cultura de clima temperado na localidade. Quando o filho de agricultor resolveu plantar uva no semiárido cearense, com temperaturas que variam de 25°C à noite e 36°C de dia, poucos acreditaram que pudesse dar certo ou ter rentabilidade. Solo e clima não colaboravam para a produção da cultura. “Ninguém tinha o histórico da cultura na região. O risco financeiro era muito alto, por ser uma cultura delicada e com alto custo de implantação”, explica. O pedido de financiamento demorou cerca de dois anos para ser aprovado pelo banco, mas em 2010 Bezerra já estava colhendo 10 toneladas de uva no seu único hectare, na propriedade localizada em Russas, no Ceará. Este ano, a lavoura, ainda com o mesmo tamanho, atingiu o seu potencial de produção, e Bezerra fechou o ano colhendo a segunda safra de uva, que rendeu 71 toneladas.
Em janeiro de 2014, a área de produção do pequeno agricultor vai crescer em 2,5 hectares. “A própria demanda do mercado local é muito grande”, revela o produtor, que na safra anterior destinou cerca de 25% de sua produção para o comércio local e o restante para Fortaleza, enquanto nesta safra o mercado local absorveu 85% da produção.
A produção da uva, uma cultura típica de clima temperado, foi possível na região graças à tecnologia de irrigação (microaspersão) e técnicas de manejo que o produtor desenvolveu para cuidar do pomar. De acordo com Bezerra, nem mesmo o efeito da seca que assola a maior parte da região do semiárido nordestino há quase dois anos limitou a produção da uva, graças ao sistema de irrigação. “A uva é uma cultura com um potencial de alta rentabilidade numa área pequena”, diz ele. Apesar de exigir um investimento inicial alto para implantar, a cultura garante retorno, segundo o produtor. “As contas ajudam muito quando você intensifica o custo de implantação, que é caro”, destaca. Hoje, o custo de produção da área gira em torno de R$ 0,92 por quilo de uva, que ele vende, em média, por R$ 2,20.
Dois anos após a experiência bem sucedida de Bezerra, outros produtores procuraram por ele para conhecer a tecnologia aplicada ali. Atualmente, a região conta com 19 hectares de área plantada de uva de mesa – das quais, além do hectare de Bezerra, outros 16 de um produtor gaúcho e dois hectares de outros dois produtores locais, todos após descobrirem com Bezerra que o potencial que a cultura tem com o uso de tecnologias.
Fonte: Revista Globo Rural (http://twixar.me/87)
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